30 de mai. de 2012

A Via Láctea e o Videolog

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Noise Galaxy

Ontem a noite, a emoção do Wagner Moura ao cantar “A via láctea” no tributo a Legião Urbana, e a alma exposta em um videolog por alguém que conheço pessoalmente, mesmo que pouco, mexeram comigo. Fiquei pensando na poesia presente nas letras do Renato Russo, tão antigas e tão atuais. Em como os seus significados foram mudando para mim ao longo dos anos. No eco daquele vídeo em mim. No que a voz, embargada pelas dores próprias e de outros, revelava daquela pessoa. E nas nuances entre empatia e identificação, entre respeito e compreensão.

Na letra “A via láctea”, escrita no estágio final de sua doença, Renato Russo escreve sobre estar triste, sozinho, perdido e doente. Sendo humana, ao ouvir a música, consigo entender a tristeza, a solidão, o estar perdida e/ou doente. E, consigo até mesmo vislumbrar o que é sofrer com AIDS, porque tive um tio avô que acompanhei definhar e morrer desta. Mas, felizmente, não sei o que é SER um doente terminal. A dor que entendo e até sinto é a minha, não a dele. Nesse caso, só posso seguir o conselho da própria música: obrigado por pensar em mim, mas não diga nada, só me deixe aqui quieto. Frente ao desconhecido, só me resta o silêncio.

Na empatia nos identificamos com a humanidade que nos é comum. Percebemos o outro como um ser humano, pleno e falho, paradoxal e complexo, assim como somos e por isso, conseguimos nos imaginar em seus sapatos apertados, gastos, novos; ou em seus pés descalços. A empatia é entrega e acolhimento. É o início do diálogo e da quebra de preconceitos. Dela parte o respeito e a aceitação apesar do não entendimento.

A experiência, no entanto, eleva a empatia a outro nível: o da identificação. Se na empatia, me coloco em seu lugar, imagino e respeito; na identificação, também vivo o que você está passando ou sentindo e, por isso, te compreendo. Na identificação minha experiência não será exatamente igual a sua, mas os traços de semelhança permitem que eu possa trocar com você: informações, histórias, percepções, alternativas, cicatrizes, dores e alegrias. A identificação exige coragem de quem se expõe e produz cura para ambos lados. Quando expomos nossa humanidade e nossas dores, e encontramos eco nas almas alheias, não estamos mais sozinhos.

Aquele vídeo era uma resposta ao apelo de pessoas que desejam ser compreendidas e que não querem estar sozinhas em suas dores. Não porque ele falava de um assunto comum, mas porque ele mostrava uma alma que sabia do que estava falando, porque mesmo que não falasse claramente de suas próprias cicatrizes, não tinha como evitar expô-las. Porque era fruto da identificação e não da empatia. Porque só fala com propriedade e profundidade de alma sobre qualquer coisa quem a vivenciou. Ao mesmo tempo, o vídeo era um apelo pela empatia do outro, que nunca irá compreender aquela dor porque não a vivência da mesma maneira, mas que pode amar, respeitar, aceitar.

Saber a diferença entre empatia e identificação é essencial para evitar desilusões no relacionamento com o outro, qualquer que seja ele. Esperar identificação de quem só pode te dar empatia, ou compreensão de quem só pode te dar aceitação ou respeito, é como querer cisnes de um ovo de galinha. É focar em sua própria dor e não na cura. Além disso, a incompreensão é uma via de mão dupla. Ao sermos incompreendidos nós também não estamos compreendendo o outro. Quando não há identificação, é a empatia que se torna o caminho para a convivência.

Mesmo assim não há garantias de sairmos ilesos. Podemos não receber compreensão ou respeito mesmo distribuindo-os aos outros. Como diria Madre Teresa de Calcutá: faça assim mesmo! As cicatrizes continuarão acontecendo porque as dores fazem parte da vida. Portanto, sejamos também nós os poetas e os corajosos, expondo nossa alma em biografias, músicas, textos, vídeos, ou mesas de bar. Sempre haverá alguém que nos retribuirá com empatia, ou se tivermos ainda mais sorte, identificação.

15 de abr. de 2012

Ode a amizade, tesouro inestimável!

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"Um amigo fiel é um poderoso refúgio, quem o descobriu descobriu um tesouro. Um amigo fiel não tem preço, é imponderável o seu valor. Um amigo fiel é um bálsamo vital e os que temem o Senhor o encontrarão. Aquele que teme ao Senhor faz amigos verdadeiros, pois tal como ele é, assim é seu amigo". (Eclesiástico 6,14-17)


Esta foi uma semana rodeada de amigos novos e velhos, que se fizeram presentes de tantas maneiras quantas possíveis em nossa era: facebook, email, almoços, jantares e cafés da tarde, e até sonhos. Foi uma semana que culminou em encontros, sorrisos, e conversas sobre a vida e sua imprevisibilidade. 

Olhamos juntos para um almoço cerca de 7 anos atrás e nos surpreendemos com o quanto mudamos. As dores e as vitórias estampadas nas histórias (e sim nas rugas e cabelos brancos que começam a aparecer rs) de cada um de nós... separações, casamentos, nascimentos, relacionamentos, viagens, retornos, encontros consigo mesmo, desempregos, empregos, desilusões, negócios... e, em meio a tudo isso, a presença as vezes discreta, as vezes próxima, as vezes longínqua, mas sempre marcante daqueles que a vida escolheu para ensinar que o amor existe por meio da amizade.

Voltei para casa com um filme belo-triste (como no texto de Rubem Alves) passando pela minha cabeça, mas principalmente pelo meu peito. Lembrei de momentos que só se repetirão na minha memória, de pessoas que seguiram outros caminhos mas nem por isso foram menos importantes, de pessoas que estão em lugares distantes mas próximas do coração, daquelas que foram importantes, dos que embora tenham entrado na história recentemente já fazem a diferença, daquelas cuja conexão foi instantânea e inesquecível, e destes que continuam por perto apesar de tudo o mais que passa.

Fiquei grata pelo tesouro que recebi, pelo refúgio que encontrei e encontro, pela riqueza e diversidade que partilhei e compartilho, pelo bálsamo que foi tão restaurador e ainda o é. Ao olhar para trás e para meu presente fico feliz de reconhecer amigos verdadeiros; de perceber que eu soube cativar e me deixar cativar (como a raposa do pequeno príncipe), que eu soube cultivar e também fui cultivada, que eu soube derramar a minha alma e acolher a do outro. Fico feliz de perceber amigos que se tornaram irmãos, irmãos que se tornaram amigos, amigos que se tornaram amores, amores que se tornaram amigos, amigos que trouxeram novos amigos,  e amigos improváveis, entre tantos amigos. E fico feliz de saber que certamente, apesar dos meus defeitos, inseguranças, mudanças, teimosias e loucuras, sou querida e amada como quero bem e amo estes seres humanos preciosos. 

Espero que meus amigos realmente saibam o quanto os aprecio, o quanto agradeço por sua presença em minha vida e quanto oro por sua felicidade. E espero não me esquecer no meu caminhar, tanto de abrir portas para novos encontros como de preparar a mesa para reencontros. Feliz aquele cuja alma está aberta para ter amigos fiéis, mas acima de tudo que está disposto a ser um amigo fiel, sua recompensa será uma vida mais alegre, leve e completa.

14 de abr. de 2012

Quem se importa?

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"Quem se importa" é o título do novo filme de Mara Mourão (trailer oficial tirado do youtube abaixo) que assisti hoje no cinema. Filme  que mexeu de tal forma comigo que tive que fazer um esforço sobrehumano para não chorar de soluçar no cinema. 





Mexeu comigo não porque fala de empreendorismo social, mas porque fala de ser humanos que fazem a diferença no mundo. Sobre pessoas que acreditam em um agora melhor e buscam por meio de suas vidas fazer algo para realmente transformar a realidade de maneira positiva.

Mexeu comigo porque eu desejo ser como eles e desejo o mundo que eles vislumbram, mas ainda não encontrei meu caminho, nem abri mão da segurança em prol da transformação, o discurso em prol da ação, a dúvida em prol da verdade mais profunda em mim.

Mexeu comigo porque é um filme que mostra o positivo, o poder da fé e da esperança, a mudança que existe no mundo e nem sempre nos damos conta, o potencial que existe em nós e nem sempre utilizamos.

Enfim, "Quem se importa?", é um filme que mexe com a nossa humanidade da forma mais bonita que existe. E que inspira a mudança, a atitude, a praticidade, a busca pelo que nos torna mais vivos.

Como diz a frase de Howard Thurman, citada no filme: "Não pergunte o que o mundo precisa. Pergunte-se o que faz com que você se torne mais vivo, e vá fazer isso. Porque o que o mundo precisa é de pessoas que se tornaram mais vivas."






Imagem: retirada de http://www.vivacinema.com.br/filme/quem-se-importa. Autor desconhecido.

3 de abr. de 2012

Ser generoso nunca é demais

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A Anthon Berg (http://www.anthonberg.com/) - empresa dinamarquesa de chocolates - lançou uma campanha de marketing e responsabilidade social fantástica estimulando as pessoas a serem mais generosas umas com as outras: You can never be too generous (Ser generoso nunca é demais).


A ideia de que “gentileza gera gentileza” não é nova. Mas a empresa foi mais longe. Criou uma loja que durante um dia vendeu caixas de chocolate em troca de generosidades. O vídeo explicando brevemente a ação e os resultados (em inglês) é este aqui:

Sim, a campanha tem indubitavelmente cunho comercial. Promove e valoriza positivamente a marca, estimula a degustação e fidelização dos clientes, divulga globalmente por meio das redes sociais o produto e a empresa - que abre espaço para novos mercados -, enfim, movimentos que comprovadamente já estão resultando em mídia espontânea e certamente, resultarão em vendas.

Mas o cunho comercial não invalida a responsabilidade social, muito pelo contrário. A campanha promove o desenvolvimento de valores positivos, e de maneira simples e prática faz com que as pessoas reflitam sobre suas atitudes e as mudem efetivamente em curto prazo. A comunicação segue o entendimento da empresa do conceito de responsabilidade social - um em que os benefícios sociais e comerciais convergem.

Trabalho com Responsabilidade Social há 13 anos, e realmente acredito que é possível ganhar dinheiro promovendo valores positivos, colocando o ser humano em primeiro plano, criando mudanças que beneficiam as pessoas e o mundo em que vivemos. Mas conheço muitos céticos (tanto no meio corporativo, quanto no Terceiro Setor ou no ambiente acadêmico) que não entendem o potencial dessa abordagem. Pessoas (porque organizações não são mais que um bando delas) que preferem brigar pelo próprio ponto reduzido de vista, a colaborar para solucionar pequenos e grandes problemas que no final afligem e impactam a todos.

Também acredito que é possível ser generoso, gentil, honesto e criar um agora e um mundo melhor. Tanto quanto acredito que somos capazes de cometer atrocidades. E, embora estejamos cheios destes exemplos negativos na mídia, prefiro focar nos positivos e na esperança. Prefiro arriscar as conseqüências de ser a mudança que eu gostaria de ver no mundo, como disse Gandhi, e de promover aquilo que existe de bom. Porque, no final, vivemos em um mundo paradoxal e complexo, que reflete os seres paradoxais e complexos que somos; e aquilo que criamos depende das nossas escolhas, muito mais que das nossas oportunidades.

31 de mar. de 2012

Preconceito

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Ontem, voltei para casa ouvindo o último cd da Ana Carolina. Como gosto das letras dela (ou das músicas escolhidas por ela para interpretar) sempre presto atenção ao que escuto. Já ao final do cd e do caminho, me surpreendi com a música “Força Estranha”. Hoje, no caminho para o trabalho, ao ouvi-la novamente, fiquei pensando sobre como esse era um exemplo simples sobre a privação que o preconceito nos causa.

Sempre achei legal não gostar de Roberto Carlos e declará-lo brega. Não sei porque, já que na verdade nunca parei para realmente ouvi-lo, e checar se, apesar de não ser um super intérprete (para meu gosto musical) ele não era um excelente compositor, como é o caso, na minha opinião, de Chico Buarque. Ou um excelente escolhedor de pérolas musicais, como Maria Betânia. Enfim, nunca passou pela cabeça pedir um cd de maiores sucessos emprestado para minha tia (que como zilhões de brasileiros adoram o rei) e ouvir o que havia por trás da “força que o leva a cantar”... até ouvir essa força estranha no vozerão da Ana Carolina que eu adoro como compositora e intérprete. Há anos que me privo de incluir no meu repertório musical uma letra maravilhosa, que só hoje descobri que é do Caetano Veloso, simplesmente porque sim.

Quando eu era pequena minha mãe respondia que porque sim, não é resposta. Mas quando observo o comportamento da espécime humana, parece que não é bem assim que as coisas funcionam. O preconceito é muitas vezes fruto do “porque sim” e não de uma escolha baseada na experiência. Como você pode declarar que Roberto Carlos é brega se tudo o que você ouviu dele na vida foram 2 ou 3 músicas inteiras e a repetição de alguns refrãos em comerciais de final de ano da Rede Globo? Como você pode fazer cara de nojo para jiló se nunca experimentou?

O mais triste é saber, ter experimentado na pele e dentro de mim mesma, que esses pequenos preconceitos só revelam que usamos os mesmos mecanismos para os grandes preconceitos. E ao fazermos isso, deixamos de descobrir talvez nossa alma gêmea, melhores amigos, pontos de vistas complementares, formas novas de olhar o mundo... nos privamos de experiências e coisas boas, porque sim. Porque em algum momento, um número x de pessoas fazia assim, baseadas talvez no comportamento de outras tantas que algum dia se basearam na escolha e “talvez” na experiência de uma que ninguém sabe quem é, ou o que falou, e sentiu realmente. E é assim que Jesus, de quem nunca foi registrada uma palavra de intolerância, se tornou, e se torna, a razão de caça as bruxas.

E, é claro que não ter preconceito não significa que você deva sair provando de tudo na sua vida ou ignorando estudos científicos que demonstram que o abuso de cocaína é prejudicial para a sua saúde! Apenas significa não torcer o nariz para quem pensa ou faz diferente de você, para o prato de quiabo sem ter experimentado ele, ou para a nova dupla sertaneja do momento. É simplesmente agir com a consciência de que ninguém, inclusive você que se acha tão liberal ou parte da minoria, está imune aos preconceitos. E é por isso que eu, que tenho amigos e amigas bruxos, homens, amarelos, héteros, negros, pagodeiros e bipolares; demorei 31 anos para descobrir, entre outras coisas, que “Força estranha” é uma música maravilhosa.

Como disse Eliane Brum, em um texto recente seu, “a melhor forma de tornar nossas escolhas, mais nossas é também a mais difícil: duvidar o tempo todo das nossas certezas”. Para sermos mais inteiros, menos preconceituosos e mais felizes e preciso aceitar a incerteza, a falta de controle, a possibilidade de que não somos perfeitos, de não estarmos sempre certos e de ter preconceitos. Reconhecer nossa humanidade é o primeiro passo para reconhecer a humanidade do outro e permitir o diálogo não importa de que “lado” você esteja. Reconhecer o próprio preconceito, é o primeiro passo para não sucumbir a ele, e para criar uma realidade em que tudo é possível, inclusive discordar.

29 de mar. de 2012

A vida é tão rara...

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Gosto desta música do Lenine (Paciência). Ela mexe comigo e me lembra, de dentro para fora, que a vida é rara, mesmo que meu hábito me leve a quase sempre errar os primeiro versos: a vida não para!

Sim, a vida não para e é justamente por isso que ela é tão rara. Não porque tenhamos tantos "compromissos" que não sobre tempo para o que é realmente essencial, o que vale a nossa alma, mas justamente porque a vida passa. E tudo o que é breve, tudo o que é único, tudo que tem o potencial de ser inesquecível, é raro.

Raros são os momentos de estar com quem amamos, de experimentar e descobrir novas coisas, de visitar lugares que nos fazem bem, de trabalharmos em projetos e partilharmos conhecimentos que nos enchem o coração de paixão, de criar coisas boas e contribuir para um agora melhor... são raros não por serem poucos, mas inesquecíveis. Raros por serem estes os momentos em que passamos do estar para o ser; em que exercemos nossa semelhança divina, em que nos apropriamos da vida.

Paciência, diz a música, como diria nossos avós... Paciência, fazer o que?! Fazer o que se trocamos a raridade da vida pelo peso da existência. Se preferimos correr atrás do que caminhar junto. Se o tempo perdeu o sentido porque nos esquecemos do que vale a pena. Se trocamos nossa alma divina pelo nosso barro humano. Fazer o que! Paciência!

Paciência 
Lenine


Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...


Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...


Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...


O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...


Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...


Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...


Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...
A vida não para...  

27 de mar. de 2012

Mudanças

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E então... eu mudei!

Mudei de país, voltei pro Brasil, mudei de casa, mudei de empregos, mudei pensamentos e atitudes, mudei de vida, mudei caminhos, mudei decisões, mudei esse blog (mais uma vez) e continuo mudando.

Mudei e não foi a primeira vez, nem será a última. Mesmo na morte há a mudança. O corpo se decompõe, o espírito toma seu novo caminho, e a vida de quem fica já não é a mesma, mas continua.

Acho engraçado como sendo a mudança tão natural, sejamos tão resistentes a ela. Cada nova mudança é um parto. E me lembro do livro do rabino Nilton Bonder: "A alma imoral" onde ele comenta sobre a transgressão da alma, e a compara com a passagem por um buraco estreito. Assim é a minha vida, cada mudança e incerteza me leva quase a loucura. Sinto medo, sinto dor, sinto vontade de ficar parada e fico, choro, bato o pé, me agarro a rótulos e falsas seguranças, e perturbo quem está mais próximo com questionamentos infindáveis. O resultado é sempre semelhante, faço o que é possível e me rendo, exausta! E puff! As coisas começam a caminhar e as mudanças acontecem, os projetos fluem, as alegrias reaparecem e a vida? Continua.

Queria aprender a não sofrer tanto com as mudanças, com os vales e picos, com as curvas e tropeços. Queria aprender a fluir como um rio que não se opõe ao caminho, mas se torna um com ele, e segue seu fluxo saltitante e leve. Queria perceber mais rápido e com menos dor, que com as mudanças externas acontecem também as internas e embora caia em padrões aprendidos e comportamentos viciados, eu nunca sou a mesma. E isso é bom!

Como diria o filosofo, ninguém pisa no mesmo rio duas vezes, já que nem o rio, nem a pessoa são as mesmas. Resistir a mudança, na verdade, é uma tentativa inútil de ter controle, e de ignorar  o fato óbvio e incontrolável de que a vida é mudança. E de que mesmo quem fica parado não está imune ao ir e vir da vida, que continua.

Feliz daquele que aprendeu a aproveitar a viagem, viver o processo, redescobrir cada coisa como nova em si e ao seu redor... feliz o que aprendeu a ser o viajante de Saramago que sabe que sem a mudança, não há a magia da descoberta constante de si mesmo, do outro, dos lugares, das coisas, da vida!

28 de set. de 2011

Eu não gosto do tempo que antecede as minhas páscoas!

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Fora de época, mas não fora de moda! 


Recuperado por uma amiga que me lembrou que as mortes e ressurreições acontecem todos os dias e que a inspiração necessária para passar por esses momentos já está em mim. 


Escrevi este texto há um certo tempo, mas ele nunca foi mais real que hoje. 


Ter um agora melhor implica em algumas mortes... que aquilo que me trava (literalmente) seja devidamente enterrado e se torne semente para uma nova forma de ver e agir no mundo. 


Eu não gosto do tempo que antecede as minhas páscoas!




Quantas quartas-feiras de cinzas...
Quanto queimar, quanto transformar, quanto iluminar;
Quanto de mim reduzido a pó!


Quantas quaresmas...
Quanto jejum, quanta privação, quanta espera;
Quanto de mim lapidado, mexido, cultivado!


Quantas últimas ceias e lava-pés...
Quanto adeus, quanto deixar, quanto doar, quanto expor;
Quanto abrir mão de mim e acolher o outro!


Quantas sextas-feiras da paixão...
Quanto peso, quanta cruz, quanta dor;
Quanto de mim morrendo, esvaziando-se!


Quantos sábados de aleluia...
Quanto silêncio, quanto vazio, quanta incerteza;
Quanto de mim entregue em impotente aceitação!


Eu não gosto do tempo que antecede minhas páscoas...
Eles são intensos e assustadores;
Eles me fazem calar, chorar, brigar, querer fugir de mim!


Eu não gosto do tempo que antecede minhas páscoas;
mas tenho que reconhecer que depois das minhas noites mais escuras, vieram meus dias mais claros.


E como eu adoro minhas ressurreições!
Quantos novos sonhos, novas conquistas, novos planos, novos caminhos, novos encontros, novos frutos, nova vida!
Quanta paz, quanta alegria, quanto amor, quanta plenitude!
E quanto, quanto de mim transformado mais em quem eu realmente sou.

Caras e caros,

Desejo que nas páscoas de sua vida, em suas passagens, você encontre sempre ressurreição. E deixando o que precisa morrer para trás e abrindo espaço para o novo você encontre a si mesmo. E ao encontrar-se, encontre ao Sagrado (tenha ele o nome que te parecer mais precioso) que esteve sempre lá te acompanhando e te cuidando em todo o caminho. Feliz páscoa, feliz passagem; mas acima de tudo, feliz renascimento!

12 de mar. de 2011

Sobre não deixar a felicidade de hoje para amanhã

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Faz tempo que não escrevo... a vida as vezes toma direções inesperadas em que um "tempo" é necessário... mas não podia deixar de postar esse texto de Jung, contribuição da Rosana, minha terapeuta que neste "tempo" tem me ensinado a ser gentil comigo mesma, a me tornar mais consciente das minhas escolhas e mais presente e verdadeira.

Que ele nos inspire a não deixar a nossa felicidade ou a busca de um "agora" melhor para as próximas gerações!

Carl Gustav Jung aos pais - (Sobre o “ZARATHUSTRA” de NIETZSCHE - Seminário dado entre 1934-1939)  - Pp.1543-1544 VI.2 (Últimas considerações)

...Vejam, em um país como a Inglaterra, onde as pessoas tiveram um egoísmo bastante saudável e onde cada geração procurou aumentar seu bem-estar e conforto, elas deixaram condições bastante decentes para a posteridade. Mas se elas tivessem corrido atrás de todas as nações no mundo e lá se instalado, o quê teriam deixado para os filhos? Nada.

Quando vocês negligenciam seu próprio bem-estar buscando o bem-estar dos filhos, vocês deixam para eles uma herança ruim, uma muito má impressão do passado. Se vocês se torturam no sentido de produzir alguma coisa para os filhos, vocês dão a eles a imagem de uma vida torturada.

Portanto, fora com tudo isso. Está tudo errado, diz a criança, e comete o outro erro. Se vocês estão sempre preparando a felicidade dos filhos, não saberão como procurar sua própria felicidade e seus filhos não aprenderão como procurar a deles. Por sua vez, eles podem seguir preparando a felicidade de seus netos, e os netos a de seus bisnetos, e assim a felicidade está sempre em algum lugar no futuro. Vocês pensam que a felicidade é alguma coisa a ser alcançada no futuro, que vocês não podem alcançá-la mas que seus filhos a terão. E então vocês enchem suas vidas com ambições para aquele reino que virá e ele nunca vem.
 Cada geração está fazendo alguma coisa neste sentido. Todos se torturam para que os filhos possam vir a conseguir isso, mas as crianças crescem e são os mesmos tolos que nós somos. Elas recebem o mesmo infeliz ensinamento.

Tentem fazer isso aqui e agora, para si mesmos. Este é um bom ensinamento. Então as crianças tentarão fazê-lo aqui e agora, para si mesmas - e então isto pode chegar ao mundo real. Não sejam inaturais, buscando a felicidade nas gerações futuras. Se vocês estão demais envolvidos com seus filhos e netos, vocês simplesmente os sobrecarregam com as dívidas que contraíram. Se, ao contrário,vocês não contraem dívidas, se vivem simplesmente e procuram ser, vocês mesmos, tão felizes quanto possível, vocês deixam as melhores condições para seus filhos. Em todo caso, deixam um bom exemplo de como cuidar de si mesmos. Se os pais podem cuidar de si mesmos, os filhos também poderão.

Eles não estarão buscando a felicidade dos netos, mas farão o que for necessário para ter uma quota razoável de felicidade, eles mesmos. E assim, quando uma nação inteira está se torturando para a salvação das crianças, uma herança de miséria é tudo que eles deixam para o futuro, uma espécie, de promessa não cumprida.

Então, em lugar de dizer "Eu faço isso para os filhos - no futuro pode ser que a coisa chegue", tentem fazê-Ia para si mesmos, aqui e agora. Então poderão ver se é possível ou não.

Se postergam a tentativa para as crianças, vocês deixam alguma coisa que não ousaram realizar; ou talvez tenham sido tolos demais e não tentaram; ou se tentaram realizá-lo, podem ter visto que era impossível, que era tudo uma insensatez, de qualquer forma. Enquanto, se deixam isso para o futuro, vocês deixam menos que nada para seus filhos - apenas um mau exemplo.

13 de jul. de 2010

Liderança transformadora

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Eu verdadeiramente acredito que todos podem ser um líder e transformar sua realidade.

Criar um agora melhor É possível e exitem várias maneiras pelas quais você pode encontrar apoio e ferramentas para auxiliá-lo. A Lucca Leadership é um exemplo que gostaria de partilhar.

O texto a seguir é um artigo sobre Liderança Transformadora e o sobre o trabalho desta organização que se tornou importante para mim ao me lembrar o que realmente importa de forma simples e efetiva.

Se curtir a leitura, por gentileza,ajude a promover o trabalho desta organização, seus programas e objetivos. 


Liderança Transformadora

Olhe a sua volta ou leia rapidamente as notícias! Não é difícil perceber que vivemos em um Mundo cheio de necessidades e desafios. A Organização das Nações Unidas sozinha destaca 22 problemas globais a serem solucionados. Neste cenário, a capacidade de promover e lidar com mudanças sustentáveis é essencial. Liderança Transformadora é esta habilidade de tornar realidade mudanças que promovam e beneficiem a humanidade; suprindo necessidades e desenvolvendo capacidades.

Ela começa com a consciência de nossos pensamentos, sentimentos, motivações internas, paixões e valores. Conforme esta consciência aumenta, começamos a entender como o que acreditamos e quem somos impacta em nossos pensamentos, sentimentos e ações. Um líder transformador é uma pessoa capaz de se conectar com suas verdadeiras paixões, motivações e sabedoria internas, de forma a despertar seu potencial em benefício de todos.

A Liderança Transformadora incentiva a inteireza do ser, de forma que nossos pensamentos, sentimentos e ações sejam consistentes. É a integridade e a autenticidade com que lideramos que ressoa com os outros, inspirando-os a seguir.

Ela também requer um entendimento sobre indivíduos e sociedades, engajando-se com estes, bem como a habilidade de colocar este entendimento a serviço de sua própria comunidade.

Esta abordagem da liderança nos transporta de um modelo restrito focado na competição entre indivíduos, times ou nações; à uma conexão com a totalidade de uma situação. É uma abordagem da liderança que cria soluções sustentáveis e evita as que beneficiam alguns em detrimento de outros.

Saímos de fazer uma venda a qualquer custo para a criação de relacionamentos duráveis e a busca de resultados socialmente responsáveis. No transporta de um foco reduzido no lucro a uma visão sustentável de contribuir como bem-estar da humanidade.

Liderança Transformadora é universalmente acessível pois todos temos as ferramentas necessárias em nós. Através do suporte adequado qualquer pessoa pode desenvolver e acessar os recursos internos de um líder.

A Lucca Leadership é um empreendimento social global estabelecido com o objetivo de atender a demanda crescent por treinamento, desenvolvimento constant e apoio a jovens, apaixonados por liderar mudanças positivas e confiantes de atender a necessidade por grande liderança no mundo de hoje.

Ela conduz programas de lidernaça transformadora; permitindo que jovens com idade entre 12 e 35 anos, de nacionalidades e históricos diversos, discubram seu propósito, clareiem suas visões e desenvolvam habilidades necessárias para tornar concretas mudanças que beneficiem suas comunidades, nações e, em última instância, a humanidade.

Esta geração emergente de líderes possui problemas complexos e desafiantes para resolver (como pobreza, fome, mudança climática, abuso de direitos humanos, entre outros), que requerem insights profundos e liderança forte de forma a garantir a transformação. No entanto, ao invés de ensinar os jovens o que pensar e liderar, a Lucca Leadership visa ensiná-los como pensar de forma efetiva e como liderar projetos que os inspire, servindo suas comunidades.

A Lucca Leadership é uma organização independente, gerida principalmente por voluntários; e nossos programas (leadership foundation, living leadership – coaching training, mentoring training) são realizados em diversos locais (comunidades, ONGs, Escolas, etc.) por nossas filiais no Reino Unido, Austrália, Irlanda, Estados Unidos, Macedônia, Holanda e África do Sul.

Para saber mais sobre liderança transformadora e como se inscrever nos nossos treinamentos, por favor, consulte nosso site: http://www.luccaleadership.org/.