31 de mar. de 2010

Detalhes

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Essa semana estive refletindo sobre como ser gentil com o outro pressupõe mais que boa vontade! Pressupõe presença e atenção aos detalhes. Uma atitude mais observadora, de menos julgamento e de mais comunicação.

O insight veio de algo tão simples como um café da tarde com meus pais. Costume em casa que demonstra como cada ser humano é único. Meu pai gosta de usar uma xícara pequena, pratinho, uma mini colher e adoçante! Minha mãe uma xícara média, colher média e açúcar mascavo! Eu uma caneca, colher maior e açúcar branco.

Perdi a conta de quantas vezes, por falta de atenção, por pensar que isso não era importante, e até por preguiça; ignorei essas diferenças. A gentileza de fazer o café ficava incompleta, eles tinham que trocar pelo que preferiam. No fundo, se tivesse prestado atenção o “trabalho” seria o mesmo e o resultado muito melhor.

O negócio é que a gente tende a esquecer que cada pessoa é um universo; e que não viemos com bola de cristal acoplada a cintura para adivinhar o que se passa no mundo do outro. A gente acha que está fazendo o que é “certo” e que isso basta. Mas será que o eu considero como “certo”, como “bom”, como “seja o que for”, é realmente o que o outro pensa, quer ou precisa?

É mais ou menos como fazer um cego, que apenas aguardava alguém em uma esquina, atravessar a rua só porque ele está parado lá; e não entender porque ele ficou puto. “Mas e a sua super boa vontade em fazer uma gentileza; como pôde ele não levar isso em consideração?” Pois está aí a prova de que nem sempre a intenção é o que vale.

No dia a dia com nossos conhecidos é semelhante! Com o tempo e o convívio coisas pequenas acabam virando a gota d’água. De um lado, o que tenta acertar se sente desvalorizado, do outro o que abre mão ou tem que constantemente reforçar o que quer, também. A solução é simples, ou quase! Perguntar, ao invés de assumir que sabe ou julgar o que o outro está pensando, é sempre um bom começo. Mas eu acredito que a atenção aos detalhes também faz diferença.

Estamos constantemente oferecendo pistas do que gostamos ou precisamos, através de falas, exemplos e atitudes. E como diz o ditado popular; “para bom entendedor, meia palavra basta”. E se você já teve agradáveis surpresas como: ganhar um bombom de alguém porque sabia que era seu preferido; comentar que está com a garganta pegando e alguém bater na porta do seu quarto com uma caneca de chá quente depois de 15 minutos; receber uma caneta emprestada no meio de uma reunião porque alguém viu que a sua estava falhando; ou qualquer outro tipo de gentileza atenciosa e inesperada; sabe do que estou falando.

Por isso, hoje eu procuro ouvir, observar, perguntar, prestar atenção aos detalhes que importam para o outro e naquilo que possam estar precisando naquele momento. Todos são gentilezas em potencial! E cada vez que eu as aproveito e faço alguém mais feliz, deixo alguém mais tranqüilo, reforço meu amor ou minha amizade, certamente melhoro meu agora e meu futuro. A gentileza e a atenção têm essa capacidade fantástica de deixarem o presente melhor e de retornarem a nós de uma forma ou de outra.

22 de mar. de 2010

Sustenta quem?

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“Sustentabilidade: suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas” (Relatório de Brundtland, 1987).

Sustentabilidade é um conceito abrangente que toca em aspectos econômicos, sociais e ambientais e que eu não vou explorar aqui. Se você tiver interesse, existe uma infinidade de informação sendo produzida sobre o assunto, e em breve eu monto um post com alguns links interessantes.

Sustentabilidade é também um termo em moda. Uma palavra bonita, que chama atenção, mas cuja praticidade escapa a maioria dos mortais.

Certamente, você ou alguém que você conhece, já se perguntou: “Ok? E o que eu que vivo aqui, agora e confesso nem sei se quero contribuir para as gerações futuras com um filho, ganho com isso?” Afinal de contas, nossa geração além de sofrer com a falta de consciência e ganância exacerbada das gerações anteriores, ainda tem que se privar do próprio conforto em benefício das gerações futuras? Pera lá, pô!

Mas, e se sustentabilidade puder ser uma gentileza também para comigo, além de com os outros e com o mundo, nesse momento?

Por isso, o que eu quero aqui é chamar atenção para a aplicabilidade do conceito na criação de um AGORA melhor e não um futuro melhor.

Vamos pegar uma temática dentro da constelação de temas de sustentabilidade já bem conhecida e divulgada: os três R’s: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. E só para ilustrar, vamos focar só no primeiro, só nos benefícios pessoais e em atitudes práticas (o mérito simbólico de quanto abrir espaços é benéfico para o coração e a alma fica para outro dia):

• Se os saquinhos de supermercado na sua casa parecem se multiplicar durante a noite em uma gaveta ou porta-saquinhos, você sabe bem qual é a vantagem de levar uma sacola própria ou mochila ao supermercado.
• Máxima observada por empresários, economistas e donas de casa: mantidas demais variáveis, menos gastos significa uma sobrinha no final mês para você usar como quiser. Enjoou da decoração da sua sala? Por que não re-decorar com objetos que seus melhores amigos guardaram e não usam mais? E fazer disso não só um momento de estar com pessoas queridas, mas uma oportunidade de ter algo perto de você com a energia daquela pessoa, lembrando constantemente o quanto você é feliz por ter amigos? Além de tudo você ainda estará ajudando eles a reutilizarem.
• E eu preciso mesmo ilustrar os benefícios acoplados a economizar água tomando banho junto? Que seja uma vez por semana para não cair na rotina, vai!

E como essas, existe um zilhão de idéias! Sustentabilidade não precisar ser um tema chato e cansativo! Não precisa entrar na nossa realidade como um peso e uma cobrança de que, caso a gente falhe em fazer “as coisas direitinho”, o mundo vai acabar!

Claro que garantir que as necessidades das gerações futuras possam ser supridas é essencial. Mas vamos fazer também a gentileza de não assombrá-las com o peso dos nossos "sacrifícios"? Existem formas mais positivas, criativas e divertidas de se olhar para esse tema, e de torná-lo parte da nossa vida. Que tal, ao invés, nos transformarmos em lendas do assunto? Vivermos histórias divertidas para, além de ficarmos mais felizes agora, termos o que contar para as gerações futuras?

19 de mar. de 2010

Alguns videos

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Usar o cinto de segurança é lei. No entanto, se você tiver algum problema em seguir a lei, pense em usar o cinto de segurança como uma forma de gentileza, com você e com àqueles que se preocupam com você. Esse video super lindo ajuda a pensar sobre o assunto:


A mensagem em inglês no final diz: Aproprie-se (abrace) da vida. Sempre use o cinto de segurança.


O segundo é um discurso extraordinário proferido por Aimee Mullins, uma pessoa extraordinária! Nos faz pensar sobre o poder das palavras, sobre dançar com a adversidade, sobre o raro e o maravilho, e sobre o espírito humano! Uma verdadeira lição sobre como escolhas em coisas simples são capazes de nos ajudar a criar um agora melhor! O video está em inglês!

 

13 de mar. de 2010

Sobre Mesas

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Ontem sai com alguns amigos destes muito próximos, com os quais você se sente em casa independente de onde esteja, sabe?! Fomos a um típico ‘buteco’: mesa de madeira na calçada, cadeira um pouco desconfortável, ambiente escurecido, cerveja trincando e comida gorda, daquela que dá água na boca só de ler o cardápio.

Enquanto esperava por eles, não sabia bem o que fazer comigo. Inquieta; observava as pessoas ao redor, lia e relia o cardápio, olhava constantemente a hora no celular, mandava mensagens... A única coisa que fazia com um pouco mais de parcimônia era tomar minha cerveja (porque caso contrário corria o risco de já estar bêbada quando eles chegassem).

Todos vieram praticamente ao mesmo tempo; e eu, virei outra pessoa! Uma muito mais parecida comigo e de quem gosto muito mais. Era só sorriso e brincadeira, e até as preocupações se transformaram em motivos de piada.

Na nossa mesa havia de tudo: gente que bebe e que não bebe; cristãos e pagãos; corintianos, são-paulinos e palmeirenses; carnívoros e vegetarianos. Mas, acima de tudo, havia uma total inexistência de rótulos e julgamentos. Ninguém “devia ser ou fazer” diferente; ninguém queria que o outro fosse algo que não ele mesmo. Não havia estresse ou cobrança, e nem na hora da conta o clima mudou.

Enquanto estive com eles, esqueci o resto do boteco, esqueci o celular-relógio. Para mim, o tempo desapareceu! Eu estava exatamente onde queria e devia estar! Presente! Inteira!

E é exatamente por tudo isso que eu sou uma apaixonada por mesas... Não o objeto, o símbolo!

Seja de boteco, de casa, de restaurante, de café, de refeitório, de república, de jardim; a mesa é o lugar onde existiu presença e partilha, igualdade, calor humano, nutrição de corpo e alma.

Além disso, mesa é sempre lugar de gentilezas... “deixa que eu sirvo”, “me passa o sal, por favor?”, “alguém quer mais um pedacinho?”, “nossa, que delícia, você precisa me dar essa receita!”, “deixa que eu lavo, afinal você teve todo o trabalho de cozinhar”, “opa, passa o copo aqui que ele não pode ficar vazio”, “cadê o pano de prato pra enxugar a louça?”, “trouxe esse vinhozinho para gente tomar com a pizza”, “ou, precisa de ajuda?”, “tchi considero pra caramba, viu”...

Uma mesa bem vivida é uma memória que permanece, mesmo que as pessoas não estejam mais lá, ou que o momento já tenha passado. Ela sobrevive à distância de oceanos. E olha que eu posso falar isso com a propriedade de quem chama conversas no Skype de “tomar um café” só porque um dia elas foram conversas e cafés de verdade. Momentos de mesa.

Mesas que têm pouco a ver com o tipo ou a quantidade de comida ou a bebida que você ingere, e muito com a forma como você o faz. Uma mesa bem vivida transforma seus participantes, alimenta a alma, adoça a vida, abre espaço para novos conhecimentos, proporciona cura, acalma anseios, estabelece elos.

Na minha família, um cafezinho quase nunca é só um cafezinho e um almoço de domingo sempre acaba se transformando em um mini-evento. E é por isso que eu não me conformo de almoçar na frente da TV ou do computador. E é também por isso que eu insisto tanto em almoços, happy hours e jantares; cafés reais e virtuais; eles sempre fizeram e fazem meu agora muito melhor!

8 de mar. de 2010

5 minutos e o dia das mulheres

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Não muito tempo atrás, eu li um livro muito bom chamado “The mind gym” (Mais ou menos: Academia da mente). Você pode encontrar mais informações sobre ele e outras atividades de seus autores neste site (em inglês): http://www.themindgym.com/.

O livro sugere exercícios simples que aumentam a eficiência da nossa mente, muitos deles trazendo sua atenção para o ‘agora’. Essa semana eu me lembrei de um que chamei de “5 minutos”. Ele consiste exatamente em focar sua atenção no que você está fazendo por mais ‘5 minutos’ antes de fazer um lanchinho, ligar o rádio ou passar para a próxima atividade. Combinado com uma lista de coisas a serem feitas e preferencialmente terminadas; o exercício faz milagres.

A semana, de certa forma, foi o inverso da anterior. Completei atividades sem dispersar (muita) energia em viagens mentais e distrações online. Cansei menos e me senti muito melhor porque obtive resultados propostos e isso melhorou meu humor e minha gentileza (comigo e com os outros). Além disso, tive muito mais energia para aproveitar os momentos de diversão e, por exemplo, dançar por 4h ininterruptas na sexta (confesso que o sapato confortável e a companhia facilitaram o cumprimento da tarefa).

O desafio desta semana é manter o ritmo nem que seja só por mais 5 minutos.

Em paralelo, aproveito o “Dia internacional das mulheres” para uma sugestão: seja gentil com uma mulher esta semana! Especialmente se ela for você!

E acostume-se a fazer isso com mais freqüência. Se a data existe é porque certamente por muito tempo nós nos esquecemos que merecemos gentileza. Gentileza que é sinônimo de respeito a quem somos; nossas características pessoais; nossos desejos, sonhos e necessidades; nossa força gentil; nossa inteireza.

Sendo gentis com nós mesmas seremos gentis com todos. Nenhuma mulher acostumada a gentilezas aceita outra atitude de outras mulheres e homens. Sendo gentis com nós mesmas ajudaremos a mudar paradigmas e criaremos um agora melhor. Eu sonho com um dia em que não mais precisemos de um “dia internacional” para lembrarmos a nós mesmas e ao mundo o nosso valor. Até lá, desejo à todas as mulheres um “gentil e feliz dia das mulheres”.